Novos medicamentos e procedimentos aumentam qualidade e expectativa de vida de pacientes
O tratamento das doenças do sangue e do sistema linfático tem evoluído significativamente nos últimos anos. Atualmente, existem opções de tratamento novas e bastante promissoras para pacientes com doenças como Leucemias, Linfomas e Mieloma Múltiplo.
Alternativas como novos medicamentos, terapias-alvo, exames mais modernos de imagem, tratamentos imunoterápicos (que estimulam o sistema imunológico do corpo a combater doenças) e o Transplante de Medula Óssea oferecem mais perspectivas aos pacientes, com aumento da qualidade e expectativa de vida.
O melhor conhecimento sobre os mecanismos de desenvolvimento das doenças do sangue levou à criação, por exemplo, de medicamentos-alvo que neutralizam as características genéticas que tornam as células cancerígenas diferentes das normais, evitando que elas aumentem e se espalhem. Estas drogas inteligentes minimizam os efeitos colaterais do tratamento e aumentam a chance de cura ou controle da doença.
Um exemplo que pode ser citado ocorre no tratamento da Leucemia Mieloide Crônica (LMC). As células doentes na LMC apresentam um tipo de alteração genética específica chamada de cromossomo Filadélfia. Uma classe de medicamentos orais conhecidos como inibidores tirosino-kinase foi desenvolvida para controlar a proliferação anormal destas células. Com essas medicações, a doença é geralmente bem controlada e o paciente leva uma vida normal apenas com tratamento com comprimidos.
Para o tratamento do Mieloma Múltiplo, tipo de câncer do sangue que transforma as células de defesa em células tumorais, foram desenvolvidas novas medicações, aumentando a chance de controle da doença. Medicamentos alvo e imunomoduladores, usados de forma combinada, levaram a uma revolução no tratamento do Mieloma. Atualmente, o paciente tolera mais e responde melhor ao tratamento. E a expectativa de sobrevida aumentou de 3,5 para mais 10 anos com uma boa qualidade de vida.
Nos Linfomas, o desenvolvimento de drogas (anticorpos monoclonais) contra marcadores das células doentes aumentou a chance de cura dos pacientes.
Trata-se de um anticorpo que se liga à célula tumoral, sendo internalizado e liberando lá dentro a quimioterapia. O linfoma de Hodgkin se desenvolve pela multiplicação descontrolada das células de defesa, os linfócitos B, atingindo principalmente os gânglios do sistema linfático. Atualmente, os tratamentos de primeira linha envolvem o uso de quimioterapia e radioterapia, nos casos iniciais da doença, e apenas quimioterapia nos casos mais avançados.
O Transplante Autólogo de Medula Óssea é um dos recursos que também pode fazer parte do plano de tratamento dessas doenças. Sua necessidade deve ser avaliada pelo onco-hematologista.
Seja qual for a doença, é importante que o paciente fique atento aos sinais e sintomas como cansaço, falta de ar, fratura espontânea, tontura, palidez, manchas arroxeadas na pele, infecções de repetição e aparecimento de ínguas (gânglios aumentados que surgem principalmente no pescoço, axilas e virilhas). O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. Encontrar um médico de confiança, que conduzirá o tratamento da forma mais adequada, e acreditar na eficácia do tratamento também são fundamentais para o processo.
As taxas de sobrevivência ao câncer aumentam a cada dia e, em diversos países, continuam os estudos na busca por melhores resultados, o que traz mais esperança para pacientes e familiares.
Dra. Leila Pessoa de Melo é hematologista e Diretora clínica do Hemacore - Centro de Hematologia