Fadiga, dor óssea, anemia e infecções. Estes são alguns dos sintomas do mieloma múltiplo, um tipo de câncer do sangue que pode ser diagnosticado em quase 8 mil brasileiros este ano e é frequentemente confundido com outras doenças. Com a finalidade de divulgar e informar sobre essa doença pouco conhecida, a International Myeloma Foundation (IMF), escolheu março como o mês de Conscientização do mieloma múltiplo.
Segundo a hematologista Leila Pessoa de Melo, do Hemacore - Centro de Hematologia, o mieloma se desenvolve na medula óssea e se caracteriza pelo crescimento anormal e descontrolado de células plasmáticas, responsáveis pela produção dos anticorpos que combatem as infecções.
"Quando estas células se multiplicam desordenadamente, ao invés de ajudarem a produzir anticorpos para proteger o organismo, produzem uma proteína monoclonal que atrapalha o sistema imunológico e facilita o aparecimento de infecções”, explica. As células plasmáticas clonais podem crescer descontroladamente no tecido e formar tumores que, quando estão presentes nos ossos da coluna, podem comprimir a medula espinhal, causar fraturas espontâneas, levando a sequelas neurológicas e dores intensas”, esclarece a médica.
No Brasil, a incidência de mieloma ainda é desconhecida e não faz parte das estimativas anuais do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Estudiosos apontam que a doença atinge 4 a cada 100 mil brasileiros, o que representa aproximadamente 7.600 novos casos por ano. Nos Estados Unidos, afeta aproximadamente 90 mil pessoas e é o segundo câncer de sangue mais comum.
De acordo com a Dra. Leila, o mieloma é mais frequente em pessoas idosas, acima de 70 anos. Os principais sinais e sintomas são fadiga, cansaço, fraqueza e palidez cutânea, causadas pela anemia; dores ósseas e nas articulações, fraturas espontâneas, emagrecimento, insuficiência renal e infecções. A doença pode ser confundida com problemas ortopédicos e renais.
O tratamento das doenças do sangue tem evoluído muito nos últimos anos por meio do desenvolvimento de novos medicamentos e da adoção de novos tratamentos. Como em todo câncer, quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de controle da doença. “Apesar dos avanços no tratamento do Mieloma Múltiplo, a doença ainda não tem cura. O tratamento visa o controle da doença e qualidade de vida dos pacientes. O transplante de medula óssea autólogo pode ser indicado como parte do tratamento nos pacientes mais jovens (abaixo de 70-75 anos)”, diz a Dra. Leila.