Rádio SP-Rio: Hematologista fala sobre os principais sintomas do mieloma

Rádio SP-Rio: Hematologista fala sobre os principais sintomas do mieloma

O Março Borgonha é o mês dedicado à conscientização sobre o mieloma múltiplo, tipo de câncer que acomete e medula óssea e atinge, em sua maioria, pessoas acima de 60 anos. A diretora clínica do Hemacore – Centro de Hematologia, Dra. Leila Pessoa de Melo, falou à Rádio SP-Rio sobre a doença, seus principais sintomas e a importância do diagnóstico precoce para oferecer mais qualidade de vida aos pacientes.

O que mieloma?

Dra. Leila Pessoa de Melo - O mieloma é um câncer que acomete a medula óssea, que é a fábrica do sangue. Ele acomete uma célula que é responsável pela produção de anticorpos. Então, o paciente fica com sintomas de falha no funcionamento da medula óssea. O paciente pode apresentar anemia, um cansaço, uma fraqueza. Essa proliferação dessas células anormais, que são os plasmócitos, pode provocar lesões ósseas, que podem também ser confundidas com outras doenças. Importante que a população e os médicos saibam desses sintomas do mieloma múltiplo.

 

O mieloma não tem cura?

Dra. Leila Pessoa de Melo - Mieloma múltiplo não tem cura, mas o tratamento hoje avançou bastante. Se diagnosticado precocemente, o paciente pode ter uma vida muito próxima do normal.

 

Quais são os sintomas do mieloma?

Dra. Leila Pessoa de Melo - Por acometer a medula óssea, o paciente tem uma certa falência da medula óssea. O paciente pode ter anemia. E quais são os sintomas de anemia? Cansaço, fraqueza, pele pálida. Como acomete uma célula que é responsável pela defesa do organismo, que é o plasmócito, o paciente passa a ter facilidade para ter infecções, pneumonia, herpes. É também uma doença que acomete muito os rins. O paciente pode ter um aumento do cálcio no sangue, pode urinar bastante. E o muito comum é o paciente ter dores ósseas. Pode ter fraturas também, podem ser fraturas espontâneas. Então é uma doença sistêmica, como o próprio nome diz, mieloma múltiplo. Ele acomete vários órgãos. Por isso, é importante que os pacientes e também os médicos de outras especialidades pensem no diagnóstico de mieloma. Ele é mais comum nos pacientes acima de 60 anos, mas pode acometer qualquer faixa etária. Eu já atendi paciente com menos de 30 anos com mieloma múltiplo. Então, é sempre muito importante pensar no diagnóstico. Um emagrecimento, uma palidez, um cansaço, dores ósseas que não melhoram com medicações. É muito importante também os médicos de outras especialidades pensarem em mieloma.

 

A medicina tem avançado no tratamento do mieloma?

Dra. Leila Pessoa de Melo - Acho que foi uma das áreas que mais avançou. No Brasil, teve uma inclusão grande de várias medicações desde o ano passado. Anticorpos monoclonais, drogas imunomoduladoras, quimioterapias novas. Apesar de ser uma doença incurável, o tratamento de mieloma melhorou muito. Além disso, há o transplante de medula óssea para pacientes jovens, abaixo de 70, 65 anos de idade. É indicado para melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes.

 

Como se escolhe quem deve ou não fazer o transplante de medula óssea?

Dra. Leila Pessoa de Melo - No mieloma múltiplo, é considerado paciente jovem aquele abaixo de 70, 65 anos de idade. Se o paciente tem um bom status clínico, ou seja, clinicamente ele está bem, ele tem condições de ir para uma terapia mais intensiva, é indicado o transplante. Para os pacientes acima de 70 anos, usamos várias terapias combinadas, de várias drogas combinadas e resulta em uma excelente qualidade de vida. A gente chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce, para diminuir o impacto na vida do paciente porque já pegou paciente com paraplegia, quer dizer, quando a doença pode acometer uma vértebra na coluna e há um achatamento, uma lesão nervosa. Então queremos evitar ao máximo que isso aconteça. Quanto mais precocemente se diagnosticar o mieloma, menor o impacto na qualidade de vida do paciente.

 

Em relação ao transplante, como é a questão da doação para o paciente de mieloma?

Dra. Leila Pessoa de Melo - No mieloma múltiplo, o transplante mais indicado é o transplante autólogo, no qual as células-tronco, que são as células progenitoras, são do próprio paciente. O doador de medula é o próprio paciente. Raramente se indica um transplante alogênico, de um doador saudável para um paciente, no mieloma múltiplo. A maioria é transplante autólogo.

 

Com relação à campanha março Borgonha, de conscientização sobre o mieloma, qual o impacto para os pacientes?

Dra. Leila Pessoa de Melo - É importante para os pacientes e para os médicos de outras especialidades para não pegarmos um diagnóstico tão tardio. Aquele paciente idoso ou mais jovem, sempre com queixa de dores ósseas, dor nas costas, dor na coluna, anemia, insuficiência renal, porque o mieloma não tem um quadro clínico tão específico, ele pega várias áreas. Ele pega a parte da anemia, pacientes com infecção de repetição, um emagrecimento sem causa explicada, insuficiência renal. O ortopedista também é muito importante que preste atenção naqueles pacientes que voltam com as mesmas queixas de dores ósseas, fraturas espontâneas. Esses sinais dão indícios de que algo não vai bem. É importante que o médico de outras especialidades pense no diagnóstico de mieloma múltiplo para minimizar o impacto na qualidade de vida do paciente. Que ele encaminhe rapidamente para um hematologista que dê o tratamento adequado e restabeleça a saúde do paciente.  

 

É importante perceber os sinais que o corpo dá, não é mesmo?

Dra. Leila Pessoa de Melo - Sim. Se você perceber que algo não vai bem, não deixe passar. Procure um atendimento médico. Um cansaço, uma fraqueza, uma perda de peso, está tendo infecções de repetição. É uma dor na coluna importante, uma dor óssea importante. Está urinando demais. Então, são sinais que algo não vai bem no corpo. Procure o atendimento médico. É raro de acontecer, a maioria não é, mas pode ser mieloma e hoje o mieloma tem um tratamento excelente aqui no Brasil com o transplante de medula óssea e várias drogas, várias medicações inovadoras. É importante que os médicos e os pacientes prestem atenção nos sinais de alarme que o corpo dá porque o corpo fala.


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Assessoria de Comunicação

Vanessa Fernandes

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